quinta-feira, 24 de maio de 2012

Sem títulos e rótulos, a vida já tem muito deles!

Na vida, muitas vezes, somos condicionados a agir de forma empática, ou seja, colocar-se no lugar do outro para compreender o que podemos fazer de forma tal que minimize a dor de todos. Isso é uma atitude utilitarista valiosa e digna, entretanto, na vida, tudo deve ser equilibrado, como já dizia o filosofo, a virtude esta no meio, ou seja, colocar a posição do outro sempre acima da sua é perder a identidade! 
Por muitas vezes nem percebemos que nossas vidas são demasiadamente regradas pelo que esperam de nós, aquilo que esperam que sejamos! E não somente em um esfera da nossa existência, mas em todas elas. Ter uma visão de conjunto, pensar no impacto social, exigir de nossas atitudes responsabilidades sociais, familiares, éticas, entre outras palavras, “vestir-se de outro” é algo necessário mas evitar construir sua identidade por causa do outro é um preço muito caro a pagar! 
Pensar em todas as amarras, todas os determinismos, todos os valores “socados goela abaixo” por indivíduos que não possuem o menor vinculo real conosco, que não possuem conhecimento do que sentimos, do que falamos, do que somos ou até mesmo daqueles que nos conhecem e ainda assim tentam impor “certas verdades inquestionáveis” é perceber-se nauseado sobre a constituição do que somos! 
Uma hora é preciso sair do casulo, sentir-se livre dessas amarras e poder, dentro de alguns limites (sim, sempre teremos limites, a maior ilusão do mundo é acreditar na liberdade em absoluto), voar em direção ao que queremos, ao que desejamos ou mesmo ao encontro de nós mesmos, do ente bruto, sem as amarras! 
E como tudo o que vai contra o senso comum, contra a vontade vigente de um rebanho (a maioria), quando o voo livre for percebido, muitas pedras serão jogadas em sua direção! Sentir-se dono do seu caminho, dono de suas atitudes é muito mais do que dizer simplesmente isso é querer voar e sentir o vento batendo no rosto, é querer dizer o que te faz feliz sem medo de ser renegado ou das consequências que podem existir! 
A vida não é um grande exemplo de justiça, o conceito veio depois dela, a vida é muito mais reativa, muito mais em busca de equilíbrio, como tudo na natureza que busca estabilidade. As vezes fazemos os outros chorar, fazemos os outros sofrerem, temos atitudes que podem ser consideradas egoístas demais e esse outro, as vezes, é nós também…
Mas quem nunca teve alguma atitude egoísta? 
Egoísmo: “é o hábito ou a atitude de uma pessoa colocar seus interesses, opiniões, desejos, necessidades em primeiro lugar, em detrimento (ou não) do ambiente e das demais pessoas com que se relaciona.”
Quem nunca, em algum momento na sua vida, não colocou seus interesses a frente dos outros? Sejamos honesto na analise, todos somos egoístas em certa escala! Esse fato só se torna ruim quando nossas atitudes são todas assim, quando há desequilíbrio! 
Pensar que “o mundo gira em torno de si, tomando o eu como referência para todas as relações e fatos” é falta de sensibilidade com os demais, falta de empatia, um desequilíbrio!
Pensar que estamos todos no mundo, que cada existência é unica e intransponível, que devemos ser donos do nosso caminho, que nossas escolhas podem ser feitas com um brainstorming mas que não podemos esquecer que quem irá bater o martelo somos nós e, que as vezes pensar primeiramente em nossa existência é necessário é ser sensível consigo, é ser natural, humano, é ter equilíbrio entre a nossa existência e a existência do outro! 
Isso por vezes significa trilhar um caminho solitário interiormente, um caminho de buscas em recantos do nosso ente mais bruto, um caminho que nos faz perceber a aporia entre aquilo que eu sou e aquilo que esperam de mim, isto nos faz estabelecer o limite entre momentos solitários e de multidões, isso nos faz ter equilíbrio! 
Uma hora ou outra, vamos ter que optar por um lado ou outro e viveremos sempre assim, oscilando entre eles, em um momento sendo o que esperam de mim e outro sendo o que eu sou, podemos dizer que além de marcados para morrer, somos condenados a eterna oscilação do animal de bando e o animal solitário, uma esquizofrenia inerente a condição humana exigindo que sejamos mais do que extremos, que possamos legalmente ser bipolares (ao menos no que diz respeito a essa questão), ou seja, agora eu quero ficar no meu casulo e daqui a um minuto eu posso querer voar, ou vice-e-versa!

“Na solidão, o solitário se devora a si mesmo; Na multidão devoram-no inúmeros. Então escolhe.” (Friedrich Nietzsche)