quarta-feira, 15 de agosto de 2012

E tu, poeirinha da poeira

Uma das perguntas mais fundamentais que podemos fazer, para compreender nossa existência, é o que representamos neste Planeta. Para tal questão, vamos a alguns dados:

A Terra é um dos 8 planetas do sistema solar (sentimos saudades Plutão), seu diâmetro é aproximadamente 12.756km o que representaria em metros 12756000m. 

O que representamos na Terra diante de seu tamanho? 

Supondo que um indivíduo possua uma altura média de 1,67m, para facilitar a visualização, isso em quilômetros representa 0,00167km. Vamos para um cálculo simples:

12756 km -------------- 100% 

0,00167km ------------- X% 

X= 0,000013% 

Então, representamos pouco nesse planeta não? Vamos então comparar nosso querido Planeta a um Gigante de nosso sistema solar, que em diversas noites esta visível a leste, como uma estrela brilhante, o Planeta Júpiter.

Júpiter possui um diâmetro de 142.984km. Vamos a demonstração:

142984 km ------------- 100% 

12756 km ---------------- X% 

X= 8,92% 

Agora melhorou um pouco, a Terra representa aproximadamente 8% do maior Planeta do Sistema Solar, não somos tão ínfimos... Mas se a Terra inteira representa isso para Júpiter, o que nós representaríamos?

142984 km -------------- 100% 

0,00167 km ------------- X% 

X= 0,000011% 

Vamos tornar tudo mais divertido! Com um simples telescópio refrator que possuo, com uma abertura de 50mm, observei Júpiter. A imagem do planeta, embora pequena, é fascinante. É possível identificar o Planeta, uma pequena esfera luminosa e duas listras horizontais o cortando, o que na realidade são grandes traços de uma tempestade. E ainda com esse simples telescópio é possível ver 4 satélites (as luas do Planeta): Io, Ganimedes, Europa e Calisto.

A observação astronômica é fascinante, o entusiasmo gera a necessidade de conhecimento, de exploração. Muitas são as perguntas que podem surgir, em especial na mente de filósofos, quando se deparam com tal feito e uma delas, poderia ser: O quão grande deve ser o menor objeto a ser observado da Terra no Planeta Júpiter?

Existe um cálculo que é conhecido como o Critério de Rayleight, que nos ajuda com essa questão, ao menos para fornecer uma boa noção sobre tal interrogação.

Sem uma necessidade de demonstração dos cálculos, obtive um resultado de aproximadamente 8.153km, ou seja, o menor objeto que o telescópio citado consegue ver no Planeta Júpiter, deve ter no mínimo aproximadamente 8 mil quilômetros.

Incrível não? Aquela imagem na ocular do telescópio, um pequeno ponto luminoso com listras tem diversas vezes o tamanho de um ser humano e que mesmo admitindo um cálculo entre o menor observável no telescópio e a existência de um ser humano, obteríamos um resultando ainda ínfimo, 0,000020% desses 5,7% de Planeta que pode ser observável do Jardim de casa.

Somos pequenos diante do Universo. Aquele ponto brilhante que esta todas as noites no céu, nem mesmo um pequeno ponto como aquele somos representados para o Universo.

Contudo, talvez esse exercício tenha uma lição maior a nos ofertar, além de causar certa angústia e desespero diante do sentido da existência. Possivelmente uma forma de valorizarmos esse minúsculo ponto que somos e valorizarmos a existência de cada outro grão, como nós.


“A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira” (Nietzsche) 

"Vamos pedir piedade, pra essa gente careta e covarde"

A Igreja francesa pediu aos fieis que orem para que as crianças "deixem de ser objeto dos desejos e conflitos dos adultos para beneficiar-se plenamente do amor de um pai e de uma mãe". (Fonte: Terra)

Diante dos avanços sociais, científicos e filosóficos sempre percebemos um grupo que trilha o caminho oposto ao que se designa de evolução, em especial uma evolução social.
Nesse nicho notavelmente o papel das religiões é extremamente relevante, são as velhos dogmas de um livro embolorado que guiam o pensamento, por vezes retrogrado e mesquinho, dessas instituições.
Dizer-se portadora de um "boa nova", dizer-se detentora de um progresso e beneficio ao mundo, sacrificando assim o diferente em prol de seus benefícios estruturais não me parece tão agradável quanto a imagem que seguidamente é vendida.
Descartes afirmava que o bom senso é a coisa mais bem dividida do mundo, eu tenho minhas dúvidas com relação a isso, dado que para muitos é preferível ver crianças em abrigos, abandonas na rua, a sorte do mundo do que criada por casais homoafetivos. Valer-se de uma tendencia já ultrapassada, aos moldes da psicologia contemporânea, de que o individuo necessidade de uma estrutura familiar onde existem papeis bem definidos de um pai e uma mãe é no minimo viver alienado da realidade que nos cerca.
Os moldes daquilo que se compreende por família foram modificados, acompanhar essa mudança é obrigação que quem se propõe "arrebanhar ovelhas".
No mais, o que nos resta pedir a essa gente hipócrita, careta e covarde é piedade, mas não essa que eles esperam ter de seu deus. É uma piedade em um sentido mais profundo, piedade por permanecerem cegos a luz da evolução do mundo, piedade por seu anacronismo, dado que, sem dúvida alguma, ainda vivem no século das sombras.

[...] Lhes dê grandeza e um pouco de coragem [...]

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Sem títulos e rótulos, a vida já tem muito deles!

Na vida, muitas vezes, somos condicionados a agir de forma empática, ou seja, colocar-se no lugar do outro para compreender o que podemos fazer de forma tal que minimize a dor de todos. Isso é uma atitude utilitarista valiosa e digna, entretanto, na vida, tudo deve ser equilibrado, como já dizia o filosofo, a virtude esta no meio, ou seja, colocar a posição do outro sempre acima da sua é perder a identidade! 
Por muitas vezes nem percebemos que nossas vidas são demasiadamente regradas pelo que esperam de nós, aquilo que esperam que sejamos! E não somente em um esfera da nossa existência, mas em todas elas. Ter uma visão de conjunto, pensar no impacto social, exigir de nossas atitudes responsabilidades sociais, familiares, éticas, entre outras palavras, “vestir-se de outro” é algo necessário mas evitar construir sua identidade por causa do outro é um preço muito caro a pagar! 
Pensar em todas as amarras, todas os determinismos, todos os valores “socados goela abaixo” por indivíduos que não possuem o menor vinculo real conosco, que não possuem conhecimento do que sentimos, do que falamos, do que somos ou até mesmo daqueles que nos conhecem e ainda assim tentam impor “certas verdades inquestionáveis” é perceber-se nauseado sobre a constituição do que somos! 
Uma hora é preciso sair do casulo, sentir-se livre dessas amarras e poder, dentro de alguns limites (sim, sempre teremos limites, a maior ilusão do mundo é acreditar na liberdade em absoluto), voar em direção ao que queremos, ao que desejamos ou mesmo ao encontro de nós mesmos, do ente bruto, sem as amarras! 
E como tudo o que vai contra o senso comum, contra a vontade vigente de um rebanho (a maioria), quando o voo livre for percebido, muitas pedras serão jogadas em sua direção! Sentir-se dono do seu caminho, dono de suas atitudes é muito mais do que dizer simplesmente isso é querer voar e sentir o vento batendo no rosto, é querer dizer o que te faz feliz sem medo de ser renegado ou das consequências que podem existir! 
A vida não é um grande exemplo de justiça, o conceito veio depois dela, a vida é muito mais reativa, muito mais em busca de equilíbrio, como tudo na natureza que busca estabilidade. As vezes fazemos os outros chorar, fazemos os outros sofrerem, temos atitudes que podem ser consideradas egoístas demais e esse outro, as vezes, é nós também…
Mas quem nunca teve alguma atitude egoísta? 
Egoísmo: “é o hábito ou a atitude de uma pessoa colocar seus interesses, opiniões, desejos, necessidades em primeiro lugar, em detrimento (ou não) do ambiente e das demais pessoas com que se relaciona.”
Quem nunca, em algum momento na sua vida, não colocou seus interesses a frente dos outros? Sejamos honesto na analise, todos somos egoístas em certa escala! Esse fato só se torna ruim quando nossas atitudes são todas assim, quando há desequilíbrio! 
Pensar que “o mundo gira em torno de si, tomando o eu como referência para todas as relações e fatos” é falta de sensibilidade com os demais, falta de empatia, um desequilíbrio!
Pensar que estamos todos no mundo, que cada existência é unica e intransponível, que devemos ser donos do nosso caminho, que nossas escolhas podem ser feitas com um brainstorming mas que não podemos esquecer que quem irá bater o martelo somos nós e, que as vezes pensar primeiramente em nossa existência é necessário é ser sensível consigo, é ser natural, humano, é ter equilíbrio entre a nossa existência e a existência do outro! 
Isso por vezes significa trilhar um caminho solitário interiormente, um caminho de buscas em recantos do nosso ente mais bruto, um caminho que nos faz perceber a aporia entre aquilo que eu sou e aquilo que esperam de mim, isto nos faz estabelecer o limite entre momentos solitários e de multidões, isso nos faz ter equilíbrio! 
Uma hora ou outra, vamos ter que optar por um lado ou outro e viveremos sempre assim, oscilando entre eles, em um momento sendo o que esperam de mim e outro sendo o que eu sou, podemos dizer que além de marcados para morrer, somos condenados a eterna oscilação do animal de bando e o animal solitário, uma esquizofrenia inerente a condição humana exigindo que sejamos mais do que extremos, que possamos legalmente ser bipolares (ao menos no que diz respeito a essa questão), ou seja, agora eu quero ficar no meu casulo e daqui a um minuto eu posso querer voar, ou vice-e-versa!

“Na solidão, o solitário se devora a si mesmo; Na multidão devoram-no inúmeros. Então escolhe.” (Friedrich Nietzsche)